quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Eu ainda tremo

Possuo um corpo que não me obedece mais. Que não sabe mais o que pensar, o que fazer, pra onde ir. Eu sinto o cheiro do seu peito passando no meu pescoço e a tensão dos seus braços misturada com o tesão do meu corpo. Não é novo, não é estranho, não é desconhecido. É delicioso.

Fazemos disso tudo um jogo. O melhor de todos. Todos jogam, todos gozam, todos ganham, todos felizes. Nos transformamos em peças que são dominadas por corpos que não se recordam de nada antes daquilo. Que não conseguem explicar como chegaram ali ou como pode existir alguma peça que esteja no lugar.

Por mais que eu pense, eu ainda não me encontrei. 

De repente, seu braço me envolve. Seu sorriso me domina de novo e eu me torno, de novo, só mais uma peça. Uma peça do nosso quebra cabeça. Eu não sei qual o foco ou se existe algum foco, mas sei que esse quebra cabeça não existe sem algum de nós. Somos os nossos melhores. Somos nós mesmos. 

Somos os nossos cheiros com os nossos gemidos. E nada mais importa. 

Assim. Simples. Sem regras, sem desperdício de vontade. Sem fugir. Apenas nós mesmos deixando nos dominar por peças que só vemos quando estamos sozinhos. Na verdade, não vemos. Sentimos. A minha peça a espera da sua. Totalmente louca e alucinada por um corpo totalmente nu e com o máximo de pudor possível. 

Te sinto com toda calma do mundo e com toda a vontade do mundo. "Que não se tenha pressa, mas que não se perca tempo" disse alguém, em algum lugar. E ali, naquele momento, somos um só. O coração já saiu pela boca tantas vezes que meu corpo já sabe que ele volta. Quando ele sai, um gemido o acompanha e o ciclo, que não é infinito, se repete mais uma vez.


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