Os hematomas externos estão curando os internos

Não sei quanto tempo isso vai durar, mas que dure muito. 

Vejo os roxos espalhados pelo meu corpo e me contento, por mais absurdo e masoquista que isso lhe pareça. Me contento porque me faz lembrar de um período de entrega. Não durou nem uma hora, mas foi totalmente e inteiramente por completo. Sabe quando a sua bateria está totalmente carregada e o seu emocional está cansado de ser chato? Então. É aí que os roxos aparecem.

Porque.. Assim... Quanto menos eu escrevo, mais eu penso. E quanto menos eu falo, mais eu penso e, consequentemente, menos eu escrevo. E isso é frequente. 

A sensação que eu tenho é que eu preciso fazer uma faxina em mim. Exatamente como uma casa. Você se entrega e faz o seu melhor. Por um tempo, não vai ter bagunça, mas você sabe que ela volta, a não ser que você consiga evitar, coisa que eu não tenho conseguido fazer.

As vezes eu me pego parada, sabe. Em algum pensamento, em alguma música, em alguma coisa. E existem vozes dentro de mim que falam o tempo todo sobre tudo. Não me mandam matar ninguém nem comer muito (menos mal!), mas falam o tempo todo. Sim, o tempo todo. Rolam piadas, comentários, excesso de sinceridade, excesso de vontade, sexo, amor, paixão, relacionamento. As vezes uma delas me faz lembrar que eu estou em algum lugar e que eu tenho coisas pra terminar. Acho que essa voz sensata é minha e só minha.

E quando eu escrevo, elas se organizam. É como se todo mundo sentasse na sala para ver algo que todo mundo gosta. Como se todas elas entrassem em um acordo. É tão absurdo que eu fico falando em voz alta aquilo que eu pretendo transcrever para algum lugar. Honestamente, eu já tive mais auto controle. Eu já mandei nas vozes. Eu já mandei em mim.

Mas hoje foi diferente. Eu me entreguei. E me senti bem fazendo isso. Realmente, o clima era outro, os risos eram outros e não me lembro da última vez que me senti tão bem assim. 

Na prática, não sei o que vai mudar a partir de amanhã. Não sei como serão as minhas crises ou como eu vou lidar com a próxima situação que eu tenha vontade de "sumir". Sei que hoje os meus hematomas externos estão ajudando os internos a deixarem de existir.

E as vozes... Bom... Uma coisa de cada vez.

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