terça-feira, 10 de novembro de 2015

Completamente apaixonada

Ou "Completamente apaixonante". Fiquei em dúvidas mas ambos se encaixam. Vendo rostos e passos apressados no aeroporto da Ilha (sim, me dei o direito de chamá-la de "Ilha"), sinto pela primeira vez "a grande Florianópolis" onde, admito, esperava pessoas mal humoradas e com a cara fechada esnobando tudo e todos, esfregando no nosso nariz seus carros caros e sua pele pontualmente bronzeada. Como me tranquilizou ver peles - realmente- brancas por aqui.

Me enganei.

O riso é fácil, sempre aberto, sempre leve, sempre simples. Tudo é simples. Eu cresci engolindo o estresse como algo natural. Como se tudo realmente fosse difícil, impossível, trabalhoso, impenetrável. E não é bem assim.

Em casa não tem 400 mil pessoas; não se divide em "zona norte/ zona sul"; dá para ir a pé em quase todos os lugares (de bike você vira a cidade do avesso), mas aqui é tudo mais simples. Aqui se você quer ir à praia, você pega um ônibus. Se você está muito longe, pega dois, ué. Ou três. É simples. Se se perder, pergunte; se tiver fome, coma; se está cansado, senta; se está com sede, beba água; se quer voltar...Adivinha? Volte.

A questão não é - só- fazer o que quer e quando quer. A questão é ser simples. Ser direto. Aqui eu vi o quão insuportável é ansiedade paulista - isso porque eu moro em cidade ovo de interior. O quanto as pessoas azucrinam por prazer. O quantos ela levam esse estresse inútil com naturalidade, porque "todo mundo é ansioso e estressado". Ou seja, todo mundo doente. Inclusive eu. Eu não acho que falte calma, acho que falta bom senso. Isso tudo é praticável. São Paulo inteiro tem que vir para cá se apaixonar.

Eu não sei se é só paixonite fogo de palha, se é real, se é eterno, mas o meu maior desejo agora é voltar. Voltar pela vista, pelo frio, pelas pessoas, pelo bem estar do meu bom senso e da minha empatia, porque eu vou me esforçar muito para não cometer a gafe de me enquadrar (de novo) na ansiedade desnecessária.

PS: Mais dois dias e eu voltava falando "Poxa, guria! Bora ir em tua casa fazer um churrasco, daí!"



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