segunda-feira, 28 de março de 2016

Parece que essa batalha você levou

De novo.

Se houvesse um placar, você estaria ganhando de lavada mas, se isso fosse um placar, eu já teria tirado meu time de campo há muito tempo, porque por mais que eu seja chata e queira vencer sempre, você já ganhou, cara. Você já ganhou.

Eu suo frio, eu estou desfocada, desleixada, inquieta. Eu tremo por dentro e todos os meus exames médicos estão impecáveis. A oscilação entre uma coisa e outra é absurdamente drástica. Olhar no espelho e me ver derrotada é um absurdo para mim, que sempre dou soco em ponta de faca quando eu vejo chance de ganhar. Mas tanto faz, sabe. Você já ganhou de qualquer jeito.

A questão é que eu não posso tirar o meu time do campo. Talvez eu não queira, em algum lugar aqui dentro de mim. Talvez eu tenha uma esperança tão foda que me mantem em equilíbrio quando uma outra parte minha simplesmente não sabe lidar com a nova derrota. Porque você levou essa batalha, mas a guerra é toda minha.

Tem dias que eu me olho no espelho e me vejo com um complexo de Deus insuportável, fora uma alma de Dionísio que expõe todos os meus pontos fortes e marcantes. Porque eu tenho olho verde, uma boca desenhada, um sorriso que entrega, um olhar que gruda. Eu toco legal, eu escrevo bem, eu sou adaptável e me viro em qualquer lugar. Gosto do meu corpo, das suas curvas e formas, e no fim das contas, acabo gostando mais de mim mesma. Mas a guerra nunca para por aí.

Quando você vence a batalha, meus rótulos não fazem a mínima diferença porque quem venceu no fim das contas foi você. Me sinto doente e me vejo doente. Vejo minhas olheiras de novo, minhas marcas de expressão e a roupa ficando larga novamente. Vejo um daqueles recomeços que me faziam querer morrer, onde me faltava prazer até para dormir.

Mas quais são as minhas opções mesmo?

Levantar de novo. Reaprender o prazer de novo. Tentar de novo. Porque essa você já levou, mas a guerra continua.


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