domingo, 6 de novembro de 2016

Sim, adultos desmoronam

Parece redundante mas ninguém nunca havia me dito que adultos são apenas crianças grandes, que podem beber, sair, comer sorvete de manhã e jantar amendoim. Ninguém nunca me disse que é completamente e absurdamente comum precisar de alguém de vez em quando e chorar no colo preferido quando as coisas desmoronam. Ninguém nunca me disse que adultos são humanos.

Sempre me venderam a imagem de um super herói. Daqueles que faz tudo e nunca cansa, que não chora, que não precisa de remédios ou terapia em grupo. É como se depois dos 20 fosse proibido sentir, seja o que for, em abundância. Como se tivesse um prazo máximo para se permitir chorar, pedir arrego ou assumir para si mesmo que nada, eu disse nada, vale mais do que estar com pessoas que melhoram o seu dia e te deixam com a sensação de que a vida é mais do que se manter em um lugar que você não gosta, 44 horas semanais.

Me venderam uma imagem de uma mulher de 24 anos com casa própria e carro na garagem. Magra, independente, inteligente, com mestrado e abusando da sensualidade enquanto chama quem ela quer para passar a noite. E, o mais importante, que se mantém sempre em pé, independente da situação. Porque ela já é adulta. E adultos, segundo muitos adultos, não desmoronam.

 Que vida vaga e superficial.

Admito que é desesperador ver alguém chorar, mas quando você descobre que todo mundo chora, o mundo não parece tão ruim. Quando você vê pessoas como pessoas - que realmente são -, parece que é permitido se entregar à um colo disponível e juntar seus cacos de novo. Porque, sim, é permitido. 

Cada um desmorona da forma que prefere, ou que convém, mas eu sou adepta ao duo. Para mim, é sempre bom ter alguém ali, que me segura no colo e mexe no meu cabelo enquanto diz que tudo vai passar, porque passa. Mesmo pouca gente dizendo, as coisas sempre passam e a calmaria interna sempre reaparece para mostrar que ser adulto tem vários lados positivos também.


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