quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Com 15 anos eu queria emagrecer. Hoje, nem tanto...

Com 15 anos eu acreditava que, sim, existiria uma pessoa que ficaria conosco a vida toda, e eu nunca acreditei que essa pessoa seria um cara. E isso não tem a ver com sexualidade, tem a ver com parceria, com preocupação, com cuidado, com carinho, com amor. Tem a ver com alguém preocupado com o seu bem estar e com a forma que você vive a sua vida. Não é questão de se meter, é questão de se preocupar. Hoje eu ainda acredito que exista alguém que nos guie a vida toda, e ainda não tem nada a ver com sexualidade.

Com 15 anos eu queria ser jornalista, daquelas que enfia microfone na cara, querendo respostas que todos os fatos do mundo já comprovaram. Queria viajar para mostrar o mundo para pessoas que não têm condições de vê-lo. Hoje eu não pretendo fazer uma faculdade de jornalismo nem viajar para qualquer lugar assim, a esmo, e nem me pergunte por que.

Com 15 anos eu me considerava gorda. Não, eu não era mas me via de uma forma muita feia e desproporcional. Todas as minhas amigas eram magras e eu começava dietas doidas só porque queria perder uns quilos que só existiam na minha cabeça. Hoje, bom, nunca imaginei dizer isso mas eu preciso ganhar uns números porque algumas coisas estão fazendo meus músculos vazarem pelos dedos.

Com 15 anos eu invejava as meninas de 20 que trabalhavam e tinham a sua independência, tanto financeira quando qualquer outra. Hoje eu invejo outras situações.

Eu invejo aquelas pessoas que vivem sem pensar demais, que não se cobram em excesso, que se contentam e se perdoam por fazer o que dava para ser feito. Hoje a minha cobrança sobre mim mesma é maior do que qualquer coisa que eu poderia imaginar.

Hoje eu invejo as pessoas que dormem bem e a noite toda. Daquelas que acordam se sentindo dispostas e cheias de vontade de viver, sabe. Que fazem planos, que esperam, que almejam, que sonham.

Hoje eu invejo tudo que eu tinha com 15 anos. Eu não sei onde está errado, onde que eu deixei de ser a adolescente que sonhava, que dormia, que vivia. Não sei onde é o ponto que me fez dormir menos, com horários irregulares, planejamentos irregulares e sem aquela fé na vida que nos faz mover. Hoje eu não sei em qual momento que eu me perdi de mim mesma.

O tempo foi um grande aliado para o meu corpo e para a minha forma de me ver na frente do espelho, mas ele me trouxe alguém que eu não conheço, e me perdi graças a isso, e não me perdoo por isso. Não agora, não até então.

Acho que o que eu mais quero nesse momento não tem a ver com números, mas com o tamanho da intensidade que isso talvez me envolva. Existir por existir não é algo que alguém mereça sentir, muito menos alguém que sempre sonhou alto, querendo voar por outras redondezas, mas a opção é essa. Não que eu concorde, mas não vejo outra saída. Encarar a transição deixou de ser opcional e, mais do que nunca, recomeçar virou obrigação.

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