terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Admito, nós temos tempo [+18]

- Nós temos tempo.

Não dava para confiar. Você já tinha dito isso antes, outras vezes, várias vezes, e tudo não durou mais que 20 minutos. Eu não queria só 20 minutos. E assim, daquele jeito, eu não duraria nada disso. Muito menos que isso, na verdade.

Sua mão me dizia o tamanho da sua saudade enquanto meu corpo discutia com o seu quem queria mais. Sua respiração, sua voz, seu jeito. Eu sei o que você pensa, eu sei o que você quer, eu sei o que você sabe, e eu quero tudo aquilo que você sabe fazer. Todos os pontos, os risos, as marcas. Sem atalhos, sem pressa, sem medo.

Você tira meu cabelo do rosto enquanto me olha nos olhos:

- Nós temos tempo...- E sorri.

Me permito encaixar no seu pescoço e me desligo do tempo. Sim, você tem esse poder. Esse poder que me tranquiliza, que me acalma, que me faz confiar minha liberdade em você. Minha liberdade de ser quem eu quiser, da forma que eu quiser, pelo tempo que eu quiser. Essa sensação que me invade é um pouco sua também e você, melhor do que eu, lida com ela com uma tranquilidade que eu sentia saudade, com uma euforia que eu havia roubado de você - e hoje você pegava de volta.

Eu ri alto, você fez barulho, a luz baixa nos deixou mais visuais e as coisas seguiram caminhos que, eu adoro admitir, não sabemos exatamente onde fomos parar. Eu não me reconheço, eu não me poupo, eu não quero que acabe. Eu sinto seu coração acelerado enquanto meu ouvido encaixa no seu peito. Minha unha faz desenhos aleatórios na sua barriga enquanto você fica com um sorriso grudado na cara. Abstinência, gato. Necessária mas abstinência. Minha perna se joga para cima da sua enquanto seu corpo se encaixa no meu.

- Eu te disse... Nós temos tempo...

Eu sorrio enquanto tento fugir da pequena morte que nos envolve, mas você é persistente. Me morde, me marca, me beija, me agarra, brinca com as minhas curvas e começa do zero:

- Nós temos tempo.

*


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