sábado, 2 de junho de 2018

Eu sinto. Muito.

Fuçando no guarda roupa eu encontro umas cartas que recebia de uma amiga quando tínhamos aproximadamente 17 anos. Não recebia, na verdade, já que era uma troca, mas era a melhor forma de contar coisas que sangravam minha alma aos poucos, o que me fez perceber que eu sempre senti muito. Antes das primeiras crises de ansiedade, antes dos relacionamentos amorosos, antes das decepções. Sentir sempre fez parte de uma característica que, de uns anos para cá, eu venho tentando mudar.

Por mais que eu defenda a ideia de que você tem o direito de ser amado exatamente pela pessoa que você é, uma enorme parte minha poda toda essa vontade de me exceder, seja como for. Vale lembrar que "exceder" é sempre relativo, mas, independente de como isso funciona para você, me podar para encaixar em moldes alheios não é justo com esse excesso que me faz ser exatamente a pessoa que eu sou. 

Porque, não que seja opcional, mas eu sinto. Muito. Sinto falta de quem pisou na bola e sumiu, mas sinto que eu mereço mais do que pessoas que não tentam ser pessoas melhores para o mundo, aí sou inundava por um foda-se gigante, que não cola, enquanto eu sinto o cheiro das conversas e ouço meus batimentos acreditando em uma reciprocidade de mentira.

E a questão não é, e nunca foi, errar, mas o que você vai fazer a partir daí. Você realmente acha que as pessoas não merecem ouvir o seu pedido sincero de desculpas ou você acredita que viver dentro de um mundo de falsas sensações de amadurecimento emocional vai melhorar a sua visão sobre o mundo?

Então. Essa frieza, esses cálculos, esse gelo. Eu sinto muito mas comigo não dá. Toda essa falsa promessa de uma presença emocional, toda essa chuva de situações que "te faz cortar" a primeira pessoa da sua lista de contatos como se fosse um favor, sabe. Não rola, cara. Mas não rola mesmo.

Eu sinto, muito.


*



Nenhum comentário:

Postar um comentário