sexta-feira, 27 de julho de 2018

Sobre ser externamente adulta

Fico me perguntando se essa história das crianças quererem crescer e dos adultos sonharem em voltar a ser criança não é só aquela coisa de "grama do vizinho mais verde". Ou curiosidade, talvez. Ou aquela sensação de que algumas coisas podem ser mudadas. Mas ninguém nunca quer crescer. Ninguém quer ser adulto, de fato. O que eles querem é comer doce quando dá vontade, poder dirigir, poder ir onde quiser quando quiser. Alternativa aberta em relação a sexo, bebidas, festas. 

Aquela vida super clichê e vendida nos filmes.

Ninguém fala que rola toda aquela capa de super adulto. Que não pode chorar, que não pode pedir colo, que não pode ser sincero, que não pode se sentir na merda. Que estamos sempre na corda bamba. 

O tempo todo.

Dúvidas são coisas que não podemos ter. Recomeçar, então, nem fodendo. Ficamos divididos entre ser infeliz a vida toda e viver em cima de uma linha imaginária ou tocar o barco da forma que queremos em cima de uma piscina de bolinhas. É, então, belas opções.

Caímos o tempo todo no conto da auto suficiência. Não precisamos dos outros, não precisamos de apoio, não precisamos de nós mesmos. A gente cresce aprendendo a não sentir as coisas. A própria frieza virou regra e chorar sozinho também.

Será que essa merda toda que foi enfiada na nossa cabeça faz realmente sentido? Será que essa culpa que se instala no nosso peito merece morar onde ela mora hoje? Desde quando escolher ficar sozinho se tornou a melhor opção?

Sinto que fomos jogados em um lugar qualquer e fazemos o que dá. Não acho justo e acho fraco meu próprio argumento, mas tem uma coisa dentro de mim que não me permite acreditar em outras coisas. Sinto uma coisa aqui dentro que não me deixa ser o excesso de sempre, e eu não sei o que me impede.

Talvez eu mesma. Talvez os outros. Talvez o que os outros me fizeram acreditar.

O sexo? Bom, sexo é o bônus por continuarmos aqui.


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