Eu nunca sei o que é pressa e o que é chatice, seremos realistas. Já aconteceu antes da conversa fluir até altas horas da manhã, do toque do celular não me assustar, de esperar uma mensagem específica e ela realmente chegar. Eu sei o quanto isso é lindo e o quanto isso faz falta dentro do meu mundo, hoje fechado e inseguro, mas ter pressa não me parece uma solução.
Eu quero conhecer as histórias, as ansiedades pequenas, os casos sem nexo e as curiosidades inúteis. Eu quero ouvir aquela coisa tosca que ninguém nunca conta por medo do que a sociedade frustrada vai pensar. Eu quero experimentar aquela comida que você nunca fez ou cantar junto aquela música ruim enquanto a vida vira a leveza que sempre deveria ser. Eu quero ser presente e simples. Quero me rodear de pessoas que enxergam pessoas da única forma que todas elas deveriam ser vistas: como pessoas.
Mas eu tenho pressa, e essa pressa me mata.
Talvez eu tenha tanta certeza que o final dessa história vai ser igual o final de outras que eu quero que acabe logo. Aquela famosa auto-sabotagem, sabe. Uma parte minha parece que está completamente louca para pensar "então, é isso" enquanto eu finjo consertar conversas que nunca nem foram quebradas por ninguém. Porque eu tenho defeitos, porque eu não sou uma pessoa legal, porque não vai dar certo.
O que seria "dar certo"?
Ando sempre buscando argumentos, mas acho que nem tudo precisa ser justificado. Eu gosto porque sim. Me faz bem porque sim. Tenho pressa porque...ok, tenho pressa porque tenho medo, da forma mais nua e crua possível.
Tenho medo de não conseguir mais ser leve, de não conseguir mais vazar sem culpa, de não conseguir mais ser eu mesma sem medo de soar exagerada, desnecessária, transbordante. Tenho medo de sentir necessidade de enterrar minha "alma artista" para poder me encaixar em algum lugar.
A pressa pode ser só a forma que meu eu encontrou de fugir, mas será que não é possível transbordar sem pressa?
Porque nós temos tempo.
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