quarta-feira, 26 de setembro de 2018

A verdade é que a gente nunca sabe o que passa na cabeça das pessoas

Talvez pela minha mania de decorar extremidades do corpo, observo minha unha recém quebrada. Não muito, só o suficiente para criar um incômodo enorme e me fazer pensar se eu realmente quero que essa unha cresça ou se é hora de meter um cortador em todo mundo. O pensamento nunca fica nisso. O meu, pelo menos. Ele nunca morre na conclusão, seja qual for. Ele se alastra, multiplica, me devora. Faz eu me sentir insuficiente, já que nem conclusões sobre coisas banais eu tenho conseguido tirar ultimamente.

O que me leva a outro ponto: auto suficiência.

De uns anos para cá, meu sonho de adulta tem sido me sentir auto suficiente, mas antes parecia mais fácil. Eu tinha mais nomes, mais vozes, mais cheiros, mais bases. Era mais fácil me olhar no espelho e dizer "cabelo, você é legal, mas não te quero mais". Era mais fácil porque eu me sentia acolhida, forte, viva. É fácil você se sentir suficiente quando suas bases são constantes, quando o diálogo é franco, quando a liberdade de contar aquilo tudo que acontece é um fato e não uma esperança de dias melhores, sabe. Só que a gente nunca sabe o que rola na cabeça das pessoas.

Não sabemos as neuras, as teorias, as ideias mirabolantes ou aquelas rimas escondidas dentro daquela gaveta entupida de roupas de frio. 

Hoje eu me peguei engolindo seco lágrimas que eu demorei para entender porque vieram e me perguntei até onde isso é carência, até onde é tristeza, até onde é ansiedade. Sensação de solidão? Medo do futuro? Excesso do passado? Não sei muito bem dizer o que é isso, exatamente, mas eu sei o quanto essa arrogância que eu vejo no espelho é superficial. 

É estranho ver que eu preciso ser um pouco mais egoísta e priorizar aquilo que me trás bem estar, principalmente emocional. Eu entendo que cada um tem o seu tempo e que somos seres com traumas até a linha do nariz, mas eu preciso começar a me reprogramar para me sentir suficiente sozinha.

Merecer mais não quer dizer, exatamente, que eu vou ter, mas eu preciso ver isso. Eu preciso entender que eu sempre fui mal acostumada e tive colo na maioria das vezes que eu precisava, com abraços aconchegantes e brigadeiros de brinde, só que as coisas não têm sido assim ultimamente. 

Negar que eu sinto falta é estupidez. Acreditar que isso vá acontecer de novo é inocência. 

No fim das contas, que inocente estúpida eu me tornei.



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