sexta-feira, 26 de abril de 2019

Sobre merecer, talvez eu não mereça

O suor rola pela testa. Não é novo, não é estranho, não é justo. Bom, na verdade, uma parte minha luta para me convencer de que não sou merecedora de todo esse medo e esse pânico gratuito. Apesar dos pesares, sinto às vezes que sou, mesmo talvez não sendo.

Sinto o pescoço travado enquanto os músculos das costas parecem ter vida própria. O estômago já não sabe mais explicar, exatamente, o que acontece com ele enquanto as minhas mãos voltam a suar. A roupa molhada, o coração na garganta, uma lágrima doida para descer. No fundo, eu sei muito bem o que é isso.

Li em algum lugar que pode ser um reflexo de algumas coisas. Por exemplo, quando precisamos nos limpar emocionalmente, o corpo se limpa fisicamente também. Quando sentimos um medo muito grande de que algo dê errado - de novo -, o corpo sente também, então chegamos a duas opções: limpeza e medo. Nenhuma das duas me agradam. Nenhuma das duas eu sei lidar.

Quando eu peso as opções e tento ser o menos pessimista possível, eu tento me recordar de que eu não luto sozinha. Eu tento me lembrar de que essa angústia que mora dentro de mim pode ser dividida, e que não tem problema nenhum dividir. Que todo mundo precisa de ajuda de vez em quando e que tudo bem aprender a reagir conforme as coisas forem acontecendo, mas eu nunca cheguei nesse ponto.

Bater de frente com as coisas boas nunca foi uma opção. Entretanto, hoje é. Ter coisas boas acontecendo, de fato, nunca foi uma opção, porém, hoje é.

E eu não sei lidar.

Então minha ansiedade pira porque não é assim que ela queria me ver. Eu aceito meu medo, meu excesso de suor, meus remédios, minha carência, minha necessidade de vazar sempre e o tempo todo. Hoje, não por completo, mas estamos em processo. Hoje o meu melhor é estar em processo. 

Que eu me ame, que eu me perdoe, que eu sinta muito, que eu seja grata.


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