sexta-feira, 14 de junho de 2019

Porque o mundo deveria ser nosso

Enquanto o amor vendido é aquele que passa entre os dedos, eu continuo aqui defendendo a construção diária de pequenos tijolos de afeto e decorando cheiros. Tipo aquele perfume doce que fica em uma roupa que a gente rapta por querer ou quando ele gruda e a gente nem consegue lembrar como isso veio parar aqui. 

Acontece.

As duas opções, elas acontecem.

O que me deixa um pouco transtornada é quando as coisas desmoronam sem a gente perceber. Eu tô bem ligada nessa história de que as pessoas vêm e vão, que tudo é passageiro e tudo que todo mundo deveria fazer é curtir a jornada. Mas eu não sei seguir essa regra da vida adulta. Não sei não me importar, não falar, não ser de verdade. Eu não sei seguir nenhuma dessas regras, na verdade.

Eu fico por aqui, tentando equilibrar a vida adulta real, com pessoas que me fazem acreditar a todo custo que sentir não é lá tão importante, e aquela parte que me faz abraçar por mais de 2 segundos, enquanto compro presentes aleatórios porque eu simplesmente quis - e tinha dinheiro.

Essas duas partes não se entendem, já que a teoria é linda para os dois lados.

Porque, na teoria, o mundo deveria ser nosso. Na teoria, o espelho deveria bater palmas para a realidade enquanto os nossos olhos brilham de gratidão por termos mais um dia para ir atrás daquilo que faz nosso coração disparar. Na teoria, a pessoa real se sentiria em crescimento enquanto a vida adulta é minimizada com demonstrações reais de afeto e amor.

Na prática, o mundo nos engole. O coração dispara por medo e a ansiedade fica esperando, atrás da porta, o expediente acabar. Na prática, a nossa criança interior está em prantos enquanto a nossa gaveta está cada vez mais cheia de drogas que são vendidas nos bares e com receita médica. Na prática, o corpo trava sozinho e aqueles cheiros que surgem do nada, continuam surgindo do nada enquanto fazemos compras pequenas com pessoas gigantescas.

E, ainda na prática, eu não sei o que acontece.

O mundo deveria ser nosso...


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