domingo, 13 de agosto de 2023

Sobre você - de novo

     Limpando as imagens da minha galeria encontrei um print de uma discussão nossa, que não lembro muito bem como começou, mas terminou comigo perguntando o que você queria de mim e você dizendo que não queria nada. Essa discussão não foi sobre nós, porém hoje pareceu que foi. Na verdade, de uns dias para cá, tudo parece ser sobre você. De novo.

    Já perdi as contas das vezes que senti que isso aqui já tinha dado o que tinha que dar e que eu estava plena e completamente ok com todo esse aprendizado obrigatório que você achou que eu merecia passar, até alguma coisa pequena acontecer.

    Um cheiro, uma música, um comentário aleatório em um sonho em que, fisicamente, nem era você ali. Mas era. Eu sei que era. Eu lembro do tom da voz, da textura da pele, do jeito que o sorriso apareceu. Eu lembro de coisas que justificam totalmente o roteiro de Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças e de como eu facilmente participaria daquilo só para poder não sentir mais isso, não lutar mais contra isso.

    Eu só teria que nunca mais te ver. E é inegável que essa ideia me apavora. Me escolher todos os dias não muda o fato de que não te ver me apavora tanto, ou mais, do que a ideia de trombar com você na feira da barganha às 10 da manhã. 

    Às vezes eu me pego só tentando colocar toda essa história para debaixo do tapete, como se a melhor forma de sobreviver a isso fosse enjaular essa avalanche e esperar pelo melhor. Sem muito otimismo, só um altíssimo nível de cansaço e um baixíssimo conhecimento em sertanejo universitário. 

    Já que cada vez mais eu sinto que vou aguentar cada vez menos. Não sei muito bem o que, mas está sendo cada vez menos.

    Tenho esperança de que eu consiga te desejar coisas boas algum dia, quando eu atingir uma evolução espiritual de um monge que larga a energia elétrica para criar morcegos numa caverna por 25 anos. 

    Odeio sentir que eu vou te amar por muito mais tempo do que eu consiga contar, odeio saber que o tempo de cura é relativo, odeio ter total certeza de que esse não vai ser o último texto que eu faço por ter pensado em você com uma intensidade que eu não queria lembrar como era. Odeio saber que isso não vai sair daqui tão cedo.

    Que você não vai sair de mim tão cedo.

   Assim, sem muito otimismo.



*

    

Nenhum comentário:

Postar um comentário