domingo, 19 de novembro de 2023

Sobre definições

     Vi uma postagem que dizia: defina o amor em 3 palavras. Me vieram pessoas, sensações, nomes, cheiros. Pensei em adjetivos, verbos, emoções. Lembrei dos momentos que corresponderam a aquele sentimento doido que me invadia e me mudava para tentar traduzir tudo aquilo em 3 palavras, ou 4 também, acho que seria aceitável. Talvez uma frase, vai. Ou mais.

    Faz umas horas que tomei isso como um desafio, definir algo tão intenso e imenso em um espaço desnecessariamente reduzido, e cá estou eu transformando 3 palavras em sei lá quantas linhas. Quantos verbos, quantas emoções, quantos amores, quantas pessoas. Transformando tudo isso em algo quase legível e palpavel.

Quase.

    Hoje eu vejo o amor de tantas formas que a única definição que consigo pensar é que ele é. Assim, isso tudo e nada disso. Porque quando eu penso em amores, eu penso em todos, sejam românticos ou não. Eu penso em alguém que se importa, que cuida, que surpreende. Alguém que agradece, que olha no olho, que ouve de peito aberto. Alguém que aceita se perder na presença do outro, que se permite errar na presença do outro, que demonstra fazer questão da presença do outro.

    Alguém que luta. Que tenta, que demonstra, que fica. Ou que vai embora quando vê que o outro não tem coragem de fazer. Alguém que facilita só pelo prazer de não fazer parte da dificuldade do outro, alguém que colabora, que não piora.

    E eu querendo ou não, sou uma amante de amores. Todos eles. De uns mais do que dos outros, um mais do que os outros, mas quanto mais amores, melhor. O único problema é que não cura. Nunca cura.

    O "único" problema é que o problema é o mesmo, e já faz um tempo. Que o amor não diminuiu nem se tornou algo melhor ou algo próprio. Não consegui transformar em lucro, não transformei em ondas de autoestima, não consegui ganhar nada além de trauma e experiência ruim.

    Só que ele continua aqui, e eu nem sei no que eu quero que ele se transforme, ou se eu quero que ele se transforme. Eu não sei mais se eu quero curar, fugir, fingir. Se eu desconto em atividade física e abraço o projeto Alessandra Negrini, se eu viro o meu próprio estereótipo de cult vegana não monogâmica apaixonada por cachoeiras que busca conexões reais, se eu só me embebedo desse amor que eu amo sentir, mesmo sentindo sozinha. 

    É tudo e nada. É frio e quente, sozinho e acompanhado, estável e movimento. Qualquer definição vira um rótulo que não é digno de definir algo tão fora da nossa casinha, da nossa cabeça fechada.

    Ele só é



    *


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