quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Definitivamente...

Minhas pernas doem, minhas costas não param de estralar, meus olhos estão pescando e a cada piscada dura eu me lembro de outra coisa, também dura, entrando em mim. E, como sempre, o arrepio vem dominando tudo e as borboletas no estômago fazem eu me lembrar. Como se eu conseguisse não lembrar.

Não me lembro de tanta intensidade ou tanta firmeza. Tanta certeza, vontade, determinação, consciência, e a falta dela, claro. E cada palavra que eu penso em digitar, me vem a sensação de algumas horas atrás. Me vem sua respiração na minha nuca, sua mão na minha cintura, sua voz no meu ouvido e eu me lembro exatamente das coisas que você me falava e do cheiro que você me trazia. E eu perco o fio da meada novamente.

É como se tudo aquilo que eu julgasse errado, de alguma forma, fosse jogado na minha cara. Como se eu deixasse de me importar com isso tudo, de todas as maneiras possíveis. Ignorasse a xeretisse da sociedade e das pessoas que se dizem "sociais", que "só querem ajudar", que só estão "preocupadas" comigo. (Preocupação essa que se esconde atrás de um puta telefone sem fio onde a minha opinião é a que menos importa.) 

Definitivamente, eu cresci. 

Eu ainda vejo a sua expressão enquanto olha a minha. Sua respiração irregular e o seu sorriso satisfeito. Ok, não foi o único. A risada fica alta; o coração, aos poucos, se acalma. O corpo relaxa, eu respiro, você se joga e deixa o seu pensamento ir pra onde ele quiser. Seu pensamento, seu rosto, sua mão, seu corpo. E eu não me importo mais. Com o barulho, com o cansaço, com a ausência de vergonha, com as roupas espalhadas pelo chão.




*

Nenhum comentário:

Postar um comentário