quarta-feira, 1 de abril de 2015

Eu nos movimentos, e você, nas moedas

Literalmente. 

Compasso composto de Bach no terceiro movimento, compasso composto de Vivaldi no terceiro movimento, fora a loja de fusas que ele fez nos outros dois movimentos. Vivaldi era meio batido das ideias, eu acho. E você nos anos. 1994, 1995, 1996.. "Você tem essa de 1997? Eu não tenho, ou não acho... E se conseguir me arrumar umas de R$ 0,01, eu agradeço".E assim a vida segue, os movimentos acabam e começam, as moedas rolam para baixo da cama e ficamos perdidos ali. Procurando as moedas embaixo da cama, claro.

Cama essa que me faz martelar cada movimento...De Vivaldi, claro. E cada rolada... De moedas, claro. E o quanto cada coisa se encaixa bem no seu lugar. Eu, com os meus movimentos, e ele, com as moedas dele. Números que, se invertermos, não serão valorizados nenhum pouco, seremos sensatos.

No meio de uns movimentos de uns caras que morreram e uns anos de umas moedas, eu martelo. Quantos movimentos cada movimento me lembra e quantas roladas de moeda fazem eu me lembras de outras? Inúmeras! Nessa cama, em outra cama, em outros lugares, em outros móveis. Quanto tempo já passou e eu continuo lembrando de coisas que se repetem sempre e sempre melhores?

É nessa hora que eu sinto que já perdi muitas moedas. Moedas que iam para baixo da cama quando... Não era bem embaixo dela que eu estava. Ou quando tem aquele compasso inacreditável que eu simplesmente perdi, por não estar ali. Algumas coisas mudam, mas outras não. E é bacana manter os pés em lugares que eu conheço. Os pés, as mãos, as moedas, os movimentos, as roupas...

Que isso se mantenha. Nessa ordem. Eu nos movimentos e você nas moedas. Mas, honestamente, perder alguns deles, quase sempre, não nos faz mal algum.


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