sábado, 4 de abril de 2015

"Sempre haveria alguém pra recoroar você"

"Reina em um palácio cheio de mais
E cear sempre depois dos seus elogios reais
Saia daqui agora e não pise nunca mais em mim
Eu não sou mais uma súdita..."

O Rei - Megh Stock

Ela tem uma música mais antiga que eu acho genial, sabe. A frase que vem antes do refrão é assim "Você enfiou seus pés numa jaca/Cinderela compulsiva". Sensatez que machucava quando eu era uma Cinderela compulsiva e saia por aí pisando em jacas. Parecia festival de jacas furadas pelos meu pés. E hoje eu me permito não me fazer de súdita. Obrigada Megh Stock.

É meio que simples você sentir a sua evolução durante os anos, sabe. Os seus assuntos e por aquilo tudo que você luta quando acorda. Frases como "o que você quer ser quando crescer?" e "Que lindo, ela lavou a louça" se transformaram em "Você acha que escrever dá futuro?" ou "Lava antes de dormir". Autoritarismo realista e honesto que vem das pessoas que mais se importam com a gente. Comigo, no caso. 

Você se torna menos sensível também. E não se esqueçam que, segundo as propagandas de racionamento de água, "menos é mais". Acho isso um desperdício de humanidade. Não o racionamento de água, mas ter a nossa sensibilidade diminuída. É como se a sociedade se fizesse de forte mas está todo mundo se arrastando atrás de qualquer ombro pra chorar. Meio que é irônico e hipócrita ao mesmo tempo, sabe. "Tô aqui no chão fingindo que tá tudo bem pra mostrar pros outros que estão no chão que eu estou bem, já que ninguém pode saber que eu não estou bem". Pala, filho. Pura pala.

E nisso, eu cresci. Não que eu seja grande, mas eu era menor. Me doía por menos, chorava e desabava por menos. Acredito que se as mesmas coisas que aconteceram antes acontecessem agora, eu saberia lidar melhor com elas, mas sem elas não seria uma pessoa melhor. Mais crescida, menos chorona e com menos medo de soar ridícula perante uma sociedade que se importa contudo, menos com aquilo que realmente importa: ela mesma.

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