sexta-feira, 4 de setembro de 2015

E o clichê se faz verdade

"Tudo vai passar".
Não é hoje. Nem amanhã. A caminhada é longa e a recuperação é lenta, mas vai passar. E está passando. Cada remédio a menos me faz respirar melhor e sorrir mais. Engraçado que cada dia que nada piora é um dia de melhora. Um dia de sobrevivência. Um dia que a paz reina dentro de mim.

Eu percebo meu desespero quando me vejo sentada em um banco marrom escuro, duro, de madeira. Sinto o descontrole transformado em lágrimas e observo arduamente as figuras de gesso que estão no altar. Peço, sem palavras, muita calma e muita força. Força para ela e calma para mim. Deveria ter pedido consciência. Deveria saber, e sentir, que estou fazendo o que posso, mas parece que a consciência some quando o desespero vem.

Não sei exatamente o que pedir. Me sinto confortável e me sinto bem vinda, mas me sinto uma estranha. Acho que Deus sabe que eu só apareço quando eu canso de ver a dor sair pelos olhos. Mas não foi por mim. Não hoje. Como eu disse, eu preciso de calma e ela de força. Troco minha calma por força e mando tudo para ela. Ela precisa de força. E eu preciso mandar mais e mais força.

Fico ali. Olhando a estátua de gesso com sangue; a outra com 3 cabeças próximas aos pés; uma outra com um manto azul pintado no próprio gesso. E choro. Sem saber porque, sem fugir, sem fingir. Apenas uma alma em pânico buscando paz. Tudo bem se o pânico sair pelos olhos de novo, sabe. Eu tenho direito de entrar em pânico.

É estranho o formato do tempo quando você encontra paz. Ele parece tão curto, tão direto, tão bonito. E eu me sinto feliz. Talvez não totalmente, mas sinto um alívio. Acho que Deus gosta de jogar na minha cara que bancos de madeira marrom escuro com estátuas de gesso me acalmam, me ajudam a respirar. 

Prometi que voltaria. Para mantê-lo informado. E para trocar minha dose se desespero por uma dose de paz.


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