domingo, 27 de setembro de 2015

"Lembrei de você"

Coisa mais linda de frase. De me deixar de sorriso na cara, olhos brilhantes e calafrios sobre os porquês da honestidade vir a tona. E podem ser muitos porquês. 

Desde quanto uma demonstração de afeto virou algo extraordinário? Não desmerecendo, claro, mas o mundo está tão virado de uma forma tão desconhecida que quando alguém admite que lembrou da gente, nos sentimos importantes. Sim, eu me sinto importante.

Risos baixos através de uma tela de celular faz eu me sentir mais uma alienada no meio de tantos zumbis "descolados" perdidos pelo mundo. Sim, eu gosto de dar risada em uma mesa de bar ou dividindo uma pizza em um lugar vazio de pessoas vazias. Ou de passar sábados perdidos na leveza de uma cama de solteiro que não é a minha, mas a sensação de alguém lembrar de nós assim, do nada, é sensacional.

Temos o -péssimo- habito de não nos abrir. Ninguém é santo e ninguém é totalmente inocente, logo todos temos segredos e histórias para contar, mas vamos esperar o outro contar primeiro. O famoso "Eu abaixo a arma, mas depois de você". Não vejo como um erro. Vejo como uma forma de auto-defesa, honestamente falando, mas nesse andamento todos se fecham, pois todos temos medo de levar um projétil no meio da barriga. Sim, barriga. Não mata no começo, mas dói e sangra. Ficamos ali, expostos, com todos os nossos segredos vazando pelo buraco que alguém acabou de deixar. E, até alguém ir ali e tampar isso, o sangramento não para.

Todo mundo já levou um tiro na nossa barriga emocional e aquilo deve ter sangrado muito (a minha sangra até hoje!), mas eu não posso desistir de todos, porque, realmente, algumas pessoas valem a pena. 

Ser sempre a primeira a abaixar a guarda tem seu preço. Tudo tem seu preço. Mas cansa ver os nossos segredos sangrando. As vezes é bom contar. De bom grado, por escolha própria, com a respiração controlada e sem se afogar em desespero. As vezes é bom mudar os ares e se arriscar a algo novo. Recomeçar. 

E não é algo que eu esteja preparada, sabe. Nunca estou e ninguém nunca está, mas é preciso. Acho que encontrei outra pessoa que precisa recomeçar também.

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