terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Colo (e um pouco de fé) não faz mal a ninguém

No momento, eu só estou com a parte da fé. 

Eu abro sua janela, olho sua foto e fico pensando. Faz quanto tempo que eu penso na mensagem que eu te mando? Ou faz quanto tempo que eu comecei a pesar se vale ou não mandar aquilo que eu quero contar? O ano foi ruim. A saúde ficou ruim, a situação ficou ruim, eu mal te vi. Vejo dentro de mim os nossos anos vazando pelos dedos e a minha carência de colo aumentar cada vez mais.

Mas ok. Eu sobrevivo. Se eu sobrevivi ao ano do avesso, à dieta sem frituras, aos remédios matinais, à orações na capela, eu passo por cima da saudade também. Eu passo por cima da falta de colo também. Dos apertos no peito, das línguas que ficam dentro da boca, dos dedos que não contam os segredos. Não mais. 

Não mais porque cansa. 

Cansa te contar e você não se importar, sabe. Cansa sonhar com você e ficar oscilando entre te chamar ou não te chamar, já que eu sei que você vai pedir desculpas pela "vida corrida", vai falar qualquer coisa relacionado à "espero que esteja bem" e só. Cansa saber que você não quer saber como a minha vida anda. Como a minha vida também é relativamente corrida, como eu tenho ido atrás das coisas que você esnobava dizendo que eu não ia conseguir.

Então eu criei fé.

Fé que nem todo mundo é filho da puta assim. 
Fé que existem pessoas que perguntam se eu cheguei em casa. Que existem pessoas que sentem meu mal humor só pelo meu "oi" online. Que lembram de mim com coisas bobas e me falam sobre isso. Fé que existem coisas que tem seu tempo, e que a saudade nada mais é do que algo natural. 

E as transformações continuam. 

Feche a porta quando sair.


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