terça-feira, 17 de maio de 2016

Isso não é meu [+18]

Meu coração vibra e meu corpo retorce. A madeira da cama pede trégua enquanto eu mal consigo sentir minhas mãos. A primeira coisa que vem na minha cabeça é o seu cheiro, o seu sorriso, o seu rosto. É sua cara de satisfação por me satisfazer mais uma vez. E você não se cansa. Admito que eu também não. Minha unha marca de novo seu pescoço enquanto você prova por A mais B que toda essa ideologia de gênero que serve o homem na cama é pura balela; que eu não deveria acreditar em tudo que eu leio nas revistas e nem em toda essa merda por trás das tendências anti orgasmos femininos. Como você sempre diz, "é inveja porque eles não sabem lidar com uma mulher na cama, é inveja porque o orgasmo de vocês é muito melhor". E talvez seja mesmo. Talvez a magia de ter orgasmos múltiplos só seja possível se houver uma mente livre e um corpo que se permita ser o que quiser, junto com um parceiro solidário e tarado. No meu caso, você. No fundo, talvez você tenha razão sobre sermos feitos um para o outro, apesar de nunca ter acreditado muito em exclusividade para a vida toda. Bom, eu também não acreditava em orgasmos múltiplos até você me provar o contrário. Acredite, meu gato vira-lata, ele não é só meu. Ele é fruto daquilo que você sempre me libertou, daquilo que você sempre me mandou ignorar: o peso social. O peso de ser mulher em um ambiente onde homem é sempre o centro das atenções, dos lugares, da cama. Você me ensinou que não existe um rei em um jogo de damas, mas que todas as peças são importantes por igual. Sim, você não se dá conta. Sim, você não vê o peso que você tirou da minha cabeça confusa e confundida por uma imposição sem valor e sem fundamentos. Eu tive que batalhar com os meus monstros internos, mas ao final de cada batalha eu tinha a minha maior recompensa: gozar com você.



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