terça-feira, 14 de junho de 2016

Me dei conta que me apaixonei por Marilyn Monroe

Não foi o cabelo. Nem o rosto. Nem o sorriso. 

Um belo dia, meu desktop estava com uma loira, de costas, com a mão na cintura. Cabelos curtos, pontas cacheadas. Duas tiras nas costas, expostas, segurando o vestido escuro, enquanto ela olha por cima do ombro direito como quem diz "eu sei que você está me olhando". Sim, estou. "Deslumbrar" ao invés de "olhar" cairia melhor. Costas, cintura, olhar, desenho, corpo. Inveja, talvez. Noção da grandiosidade que você proporcionou e ninguém viu enquanto você estava por aqui, talvez. Não sei, srta. Monroe, eu realmente não sei. 

Toda vez que eu olho a sua foto, quando ligo meu notebook, é como se alguém me dissesse "Você pode ser grande, o caminho é por aqui". Te ver como uma personagem me trás o direito de ser quem eu quiser, caso eu queira. Te ver como uma mulher que sempre quis filhos e sempre quis ser atriz me faz acreditar que existe, sim, a possibilidade de ser mais do que aquilo que nos empurram garganta a baixo, mais do que aquilo que o mundo nos exige. Quando você sorri, eu sorrio junto, mesmo que não tenha piada nem algo engraçado acontecendo. Eu não sei explicar mas ver o seu sorriso me faz sorrir também. Quando eu ouço a sua voz dizendo coisas sobre não saber o que fazer, eu sinto uma vontade absurda de voltar 60 anos para poder te abraçar enquanto metade do mundo te desejava e a outra metade te enchia de esteriótipos apenas por você ser quem você queria ser.

É absurdo, mas eu gostaria de ter cuidado de você. Eu gostaria de ter segurado na sua mão quando as coisas deram errado, eu gostaria de ter te abraçado quando todo mundo virou as costas por você ter escolhido ser atriz. Eu gostaria de ter te levado flores e uma caixa de bombons quando você descobriu que tinha sofrido um aborto, te emprestado 50 dólares para você poder pagar seu carro, ter mexido no seu cabelo quando a Fox te dispensou pela primeira vez, sem motivo algum. Queria poder ter te ligado depois do seu primeiro dia de terapia para saber se você sentia esperança em continuar vivendo e motivos para viver.

Me apaixonei por você porque te vi humana. Deslumbrante, magnífica e humana. Linda, gostosa e humana. Sensacional, mimada e humana. Isso não explica muita coisa porque existem milhões de humanos por aí e eu não me apaixonei por todos eles, mas me apaixonei por você. Eu vejo em você, srta Monroe, alguém que abriu caminhos e acabou pagando caro por isso, e eu sinto que eu preciso honrar a sua luta lutando por mulheres para um futuro não tão distante, todos os dias. 

Você me ajuda a ser uma mulher melhor.
Obrigada.



*





Nenhum comentário:

Postar um comentário