domingo, 3 de julho de 2016

Para os dias de desistência

A cama está fria, a coluna dói de uma forma diferente. Esse jogo tá um pé no saco, essa luz parece que nunca foi assim e eu vou dormir sozinha no sábado a noite. É como se tudo fosse quase, ou praticamente, um fim do mundo diário, mas eu preciso de fé. Eu preciso de motivos, de vontades, de sonhos, de planos, de coragem. Porque têm dias que nada colabora e a simplicidade... Bom, não me atrai.

Dizem que só tem medo quem ama. E, sinceramente, eu não tenho medo por mim. Religião à parte, nesse momento eu não consigo acreditar nessa história que eu vou para algum lugar e de lá eu vou observar seja lá o que for, mas dói meu peito quando eu imagino o cara que me ama vivendo em mundo onde eu não esteja mais. Meu coração sobe até o céu da boca por imaginá-lo com os olhos inchados, vermelhos, segurando uma foto nossa juntos, enquanto eu estou perdida por aí, sei lá onde. Não, eu não quero isso. Eu o amo tanto, mas tanto que só o fato de relembrar seu cheiro já me dá motivos para acordar amanhã.

Talvez a gente nem se veja amanhã. Talvez chova muito, talvez eu tenha que sair, talvez ele não consiga vir, mas eu só vou saber se eu tiver coragem de tentar. Admito, nesse momento eu não tenho. Nesse momento, eu quero dormir uns 4 anos em 8 horas. Nesse momento eu não consigo ver com clareza todas as nossas transas fabulosas e memoráveis seguidas por várias noites mais do que bem dormidas, sabe. Nesse momento, e nem tem a ver com o fato de ser sábado, é como se não existisse coisas memoráveis. Parece que tudo foi uma perda de tempo e eu sou o maior desperdício de espaço. Parece que eu só defendi pessoas erradas, parece que o fato de que eu tenho consideração virou um ponto negativo, parece que o Apocalipse atrasado de 2012 aconteceu em mim. Parece que o cara que me ama está amando uma árvore oca que só sente vida quando ele está perto.

Apesar disso tudo, ele é o meu maior motivo.

Ele é o cara que me faz engolir o ego e ver que é possível, sim, amar alguém até o corpo vibrar, até o sono bater. Que sexo é ótimo, mas pode ser além disso. Pode ser épico, fantástico. Pode trazer aquela sensação de união mental que ninguém nunca diz. Que pode ser tudo isso até quando não é nada disso. Tem a ver com almas, com vibes, com ligação, com cheiro, com vontade. Com estar à vontade. Ele é o cara que me ajuda a ser um ser humano melhor, uma profissional melhor, uma mulher melhor. Que me ajuda a fazer planos, a sonhar alto, a criar histórias e tentar.

Tentar por mim, mas com uma boa dose de você. E com uma dose maior ainda de nós.

Eu não posso desistir porque somos uma puta dupla, cara. Porque você se tornou uma porcentagem imensa do meu futuro, do meu sorriso, das partes boas em mim. Eu não posso desistir porque todas as noites antes de dormir meu inconsciente espera você me abraçar, mesmo quando você não está aqui. E eu quero te abraçar amanhã, eu quero ir para a cama com você amanhã, mesmo que seja para olhar nos seus olhos enquanto você me olhar ou passar a mão no seu rosto simplesmente por gostar de sentir sua pele nas minhas mãos.

Eu posso realmente ter defendido as pessoas erradas, me sentido um lixo, um desperdício de espaço, mas só de ter a possibilidade de te ver amanhã meus olhos sorriem e seu cheiro aparece. Talvez porque você seja o suficiente para eu seguir vivendo, sonhando, crescendo.

Para os meus dias de desistência, eu preciso de uma dose de você.



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