segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Uma adolescente. Para sempre. [18]

Está frio e o vento atravessa os espaços da janela que, mesmo fechada, permite uma leve invasão da baixa temperatura. Meu moletom amarelo não parece ser o suficiente. Preciso de calor humano, daqueles que o corpo derrete e a mente se perde em devaneios cheios de liberdade. Você entra, me vê em formato de rosquinha, abraçando os joelhos de frio, e sorri:

- Frio é psicológico.
- Psicologicamente deve estar uns 10 graus. Apaga a luz e deita logo.

Você acena com a cabeça e segue o meu roteiro. Me sinto uma super adulta frustrada por chegar aos 24 sem cumprir metade dos planos da adolescência, por não criar hábitos invejáveis. Por não criar nem girassol no quintal, admito. Você me abraça e diz que meu dia não acabou porque, de fato, o dia acaba quando a noite termina, segundo eu mesma, então a noite é sempre nossa e podemos fazer dela o que bem quisermos porque, como eu adoro repetir para mim mesma, eu sou adulta. 

Sua mão está quente. Ela passeia pela minha barriga enquanto eu agradeço a todos os Deuses e Deusas pela sua temperatura sempre mais quente do que a minha. Você me agarra enquanto beija minha nuca, respirando na minha orelha, só para me fazer vibrar por dentro. Você conhece os meu botões de cor. Você sabe que em questão de segundos eu vou me virar, tirar a sua roupa e subir em cima de você como se o mundo fosse acabar antes da próxima transa. Dessa vez, eu segui o seu roteiro.

Minha temperatura mudou. Eu estou derretendo tanto por fora quanto por dentro. Sua mão na minha cintura, agora quente, não causa choque térmico e a minha respiração, que estava lenta, se perde entre sua boca e a sua orelha. A minha mão não sabe se segura a cama, se te arranha, se te aperta, se te agarra. A minha disposição de adolescente aflora mesmo eu nem sabendo de onde ela vem. Você me puxa e me solta enquanto eu te aperto e te controlo, você se perde em mim e é a melhor coisa que eu poderia sentir.

O tempo passa e a noite, infinita, suga todas as nossas energias nos mostrando que os anos voam, é fato, mas que não precisamos segui-lo à risca. Testamos isso algumas vezes e você me provou que o meu número não tem a ver com a minha satisfação, seja ela física, mental ou sexual. Talvez porque eu realmente seja quase insaciável, mesmo não tendo nenhuma novidade à mesa; talvez porque eu realmente seja  uma adolescente. Para sempre. 



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