- Imagina quando ele descobrir que você fala palavrão.
- Mas eu só falo palavrão com você
A primeira coisa que veio na minha cabeça foi "que?". Arregalo os olhos, entorto a cabeça para o lado e te encaro:
- Como assim só fala palavrão comigo?
- Sei lá, só falo com você.
Primeiramente,
- Você tá me zuando, né. - Ela ri - Você sabe que eu tenho um vocabulário decente, né.
- Claro que sei. Mas ter a liberdade de falar palavrão eu só tenho com você.
No fim, não tem a ver com vocabulário. Não tem a ver com má influência, com falta de educação, sabe. Tem a ver com liberdade. Tem a ver com se sentir a vontade para dizer o que quiser, na hora que vier na cabeça. Tem a ver com confiança, com se permitir.
Voltei a encarar o teto, sorrindo. Mesmo com os meus olhos no teto, eu a senti sorrindo também.
- Viu. Eu disse para você que existem outras formas de se acalmar, além de tomar banho e dormir.
Viro a cabeça de novo, dou um riso arrogante e jogo a isca:
- Não, você não precisava se acalmar. Você precisava de mim. É diferente.
Sorrio, ergo as sobrancelhas, volto para o teto e espero.
- Meu, vai se foder.
Sim, ganhei o dia.
*
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