segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Só por hoje

Jogada na cama com o meu jeans predileto e minha camisa do palmeiras, branca, que ganhei de aniversário. Meias, um pé de cada pé, cabelo jogado, tudo jogado. Faz uns 20 dias que me foquei em algo concreto e é a primeira vez que eu quero desistir. Não para sempre, mas para agora. Talvez agora, nesse momento, eu desista, sabe. Talvez eu fique aqui até as 2 da manhã, passando fome e largando tudo acesso, suando por dentro e passando frio. Com as meias diferentes, cabelo cheio de nó, olhos cheios de lágrimas e alma vazia.

Minha alma pede um colo de mulher. De um cheiro que eu conheça, que me acalme, que me faça ver que tudo bem querer desistir às vezes, que tudo bem querer se jogar no nada às vezes. Que eu não sou fraca nem "mole", que eu só sou um ser humano que se recarrega no colo dos outros, que se encontra do colo de alguns e sente uma falta absurda de um colo nesse momento. Colo de amiga, de parceira, de irmã. Alguém que me permita chorar, que me permita xingar, inventar palavrões novos, socar a cama, morder a calça. Alguém. 

Mas sou eu e eu mesma. Faço do meu cheiro meu próprio colo e permito minha alma se esvaziar de todos os sentimentos que ela quiser. Chorar, gritar, morder, desistir. Por hoje, me permito desistir. Por hoje, permito me acabar de tanto chorar, junto com os palavrões novos e os travesseiros mordidos. Por hoje, tudo bem fugir. Tudo bem as séries, tudo bem o vídeo game portátil, tudo bem desligar o wifi, tudo bem só eu e o rato, tudo bem olhar a janela de madrugada, tudo bem sumir. Eu me permito sumir. Por hoje, não quero ser alguém extraordinária, não quero fazer história.

Só quero desistir. E eu me permito.

Cobertas, travesseiros, séries, video game, rato, janela. Seremos só nós essa noite porque eu não tenho forças pra chamar ninguém. Não agora. 

Que a noite seja longa da forma que minha alma precise, e que ela esteja totalmente disposta a recomeçar tudo amanhã. 

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