quarta-feira, 7 de setembro de 2016

E agora?

O vento é persistente e você não fechou a porta quando saiu. Não faço questão de me preocupar com a parte de cima da minha roupa, perdida em algum lugar, enquanto eu não tiver certeza se você volta para esquentar a parte nua do meu corpo. Não é sua obrigação, eu sei, mas eu só queria saber se eu tenho que procurar uma roupa ou se eu vou me aquecer com o seu cheiro, com o seu calor.

Não sei se deveria ou não pensar nas possibilidades, já que cada briga as coisas atravessam limites cada vez maiores, mas eu não sei se eu saberia recomeçar. Não sei se eu saberia escolher colocar uma camiseta que não fosse sua, indo dormir em uma cama que não tem você, enquanto não tem a chance de esperar pelo próximo final de semana para irmos ao cinema, sabe. Eu não sei se é válido cogitar a possibilidade de reaprender a dormir de pijama.

Claro que não seria o fim do mundo. Não para sempre. Eu compraria uns pijamas legais, encheria a cama com bichos de pelúcia recém-lavados para tirar o seu cheiro, trocaria os lençóis, assistiria outras séries, escreveria outros textos.

Mas, eu não quero.

Eu não quero recomeçar, eu não quero comprar pijamas nem trocar a cama. Eu não quero provar para mim mesma que eu sou suficiente sendo que eu posso transbordar. Sendo que eu posso ser melhor. Uma pessoa melhor, uma mulher melhor, um ser humano melhor. E, eu admito, você me transborda. De todas e das melhores maneiras. Você me faz querer ser alguém melhor para mim mesma.

Eu continuo nua da cintura para cima, a porta semi aberta, e eu encarando o vazio. Não sei se você volta, não sei terei de comprar pijamas ou se seu calor está perto, só sei que isso me desmorona por dentro. Não consigo nem pegar minha blusa nem fechar a porta. Nem pedir para você voltar.

Se ajuda, eu não sei, mas não posso negar que seu calor sempre foi a melhor das minhas opções.



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