quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Então, "que nada nos defina"?

As nossas características dominantes são sempre invariáveis? 

Fico me perguntando sobre o querer ser diferente sem respeitar as suas limitações, as suas características, mesmo sem saber definir o que seria meu e o que eu adquiri conforme os anos, tanto sugando características sociais e familiares quanto aquelas coisas que a sociedade nos enfia garganta abaixo. Qual a linha que define onde sou eu e onde começa os outros? A minha parte mutável é uma característica pessoal ou uma junção de sensos comuns maiores do que aquilo que eu posso ver? Onde eu começo?

Eu entendo que todos nós somos uma mistura de tudo que já nos aconteceu, e, de alguma forma, tudo nos influencia, tanto de uma forma positiva quanto negativa, mas onde estamos nessa soma infinita de vontades mastigadas e histórias pré escritas? Pesar as minhas características só me faz ver o quanto eu não tenho nada que eu sei que é, de fato, meu. Ou quase nada, levando em conta o gosto musical eclético e uma paixão avassaladora por mulheres fortes. Mas, tirando isso, tudo se justifica.

Porque os olhos eu puxei de alguém, o cabelo, o formato da boca, o jeito de sorrir. A bagunça externa - porque da interna quase ninguém fica sabendo -, o humor, a falta de humor, o excesso disso ou a ausência daquilo. Tudo ali, em listas, com justificativas de características que eu não quero mais ter, com histórias pré escritas que eu não quero terminar. Porque, bom, eu tenho direito. Tanto de mudar quanto de escolher o que mudar, mesmo sem saber o que é, de fato, meu.

Talvez não saber o que é meu é o que me dá a tranquilidade de querer tentar, e acreditar que eu posso, um dia, mudar. Sinceramente, não acredito em mudanças drásticas, nem de personalidade nem de qualquer outro tipo, mas eu acredito em uma melhor adequação, tanto com relação às escolhas quanto a forma de viver. 

Não tem como saber o quanto isso vai durar, ou se vai durar, mas é melhor se adequar ao pedido antes que o corpo despedace novamente.


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