quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Mas okay

Hoje foi um daqueles dias que lembrei muito de você. Talvez por ser terça; talvez por eu saber que se eu chamasse, em outros tempos, você apareceria; talvez porque eu esteja sentindo falta de deitar na minha cama com alguém só para jogar conversa fora. Talvez porque, dentre todas as coisas que eu me permito fazer, uma parte minha não se deixa permitir sentir saudade, e isso é mais devastador do que sentir somente saudade.

As lembranças físicas estão na gaveta e meu quarto não tem mais seu cheiro. Já que estamos sendo honestas, eu agradeci aos deuses quando seu cheiro sumiu. Agradeci porque eu mereço muito mais do que sentir saudade de alguém, enquanto a fronha do meu travesseiro exala o cheiro de alguém que eu não queria lembrar. Continuando na linha honesta, eu ainda não quero lembrar. Eu não quero que vire raiva, eu não quero que vire mágoa, eu não quero que vire dor. Nesse momento, eu não quero que vire nada. 

Nesse momento, eu quero te guardar na gaveta junto com as suas lembranças físicas. E eu preciso que você fique lá. Por mais várias semanas, talvez meses, porque eu preciso que isso tudo aqui dentro de mim vire nada, ou, no máximo, respeito, antes de poder fechar o ciclo que te envolve. Que nos envolve. 

Nada disso muda o fato de que hoje foi um daqueles dias que a saudade que eu estou sentindo de você vazou pelos meus olhos. E há uma mistura de raiva com saudade e frustração que eu não sei o nome, mas eu não sei lidar. Foi tudo muito grande e muito rápido, mas passou, ou uma hora passa. Não que eu esteja bem, mas eu sou apenas metade de algo maior do que eu. 

E tudo bem, sabe.

E tudo bem.

*

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