segunda-feira, 25 de junho de 2018

Vale manter esses inimigos imaginários?

Olho as marcas dos antigos adesivos que ficavam no guarda roupa. Aquela coisa de adolescente me custou muito álcool e paciência, mas me fez aprender a questionar se daqui a dois anos eu vou me orgulhar dessa - ou daquela - decisão. Honestamente, eu não me arrependo, mas não faria de novo. Qual será o nome disso? Maturidade?

Hoje as unhas fazem barulho em um teclado de um notebook cheio de textos começados e fotos de pessoas que eu quero me tornar quando crescer. Algumas coisas, como sempre, mudando. Outras, em contraponto, me fazem enxergar uma criança de 12 anos na frente do espelho, como se me perguntasse, o tempo todo, o que houve no percurso. Me questionar onde está o erro não ajuda a corrigi-los. Não assim, dessa forma, sem faxinar a mente toda e aprender a selecionar meus pensamentos bagunçados. É daqui, então, que meus inimigos imaginários são criados?

Com todo respeito à minha bagunça, mas preciso interromper essa criação. Toda ela. Todos eles.

Essa ideia fraca que sempre vaza da minha cabeça de que eu não sou suficiente ou que eu não mereço um momento de paz precisa, urgentemente, ser jogada fora. Queimada, vomitada, reciclada. Essa coisa aqui que fica me lembrando que eu não posso me sentir melhor não deveria se sentir tão à vontade em uma casa que não lhe pertence, já que eu não lembro de ter convidado para ficar para o jantar.

Mas ficou. Jantar, café da manhã, almoço. Quando eu percebi, disse que ficaria uns dias dormindo no sofá, já que defendeu a ideia de que merecia ao menos uma noite em um lugar macio. E já se passaram quase 10 anos. Entre idas e vindas de momentos que variam entre bons e ruins, 10 anos. 

120 meses.

Perdi a conta de quantos inimigos, que eram imaginários, se tornaram reais. Já perdi a conta de quantos rótulos eu abracei por medo de não me encontrar, e agora eu não consigo largá-los. Agora eu não sei mais assumir quando tem uma coisa aqui dentro me engolindo, quando o suor que escorre das mãos não é de calor, quando a dor do estômago não é de fome, quando o choro não é de tristeza. Eu não sei o que eu perdi escondendo meu inimigos reais e criando falsas histórias, mas agora eu não sei mais voltar.

Algumas marcas aqui dentro estão vazando, e eu não sinto que eu posso deixar vazar. Eu não sinto que alguém vai me ajudar, caso isso seja maior do que eu. Eu não sinto que vai ficar tudo bem de manhã. Não sinto que alguém vai me dizer que vai ficar tudo bem amanhã de manhã.

Os inimigos imaginários? Bom, será que são mesmo imaginários?

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