sábado, 14 de julho de 2018

Sobre fé: acho lindo, pena que parece que eu não tenho mais

Um mantra ecoa pelo quarto. As sílabas tranquilizam meu corpo e minha mente barulhenta enquanto eu me preparo para dormir. Acho relaxante, acolhedor e qualquer outro adjetivo fofo que possa vir a surgir, mas dizer que me trás a sensação de que dia melhores virão é mentira. Uma baita mentira.

Lembro de quando as palavras "vai ficar tudo bem" não eram apenas bóias salva vidas sem muito significado. Convenhamos, por quanto tempo uma pessoa consegue manter o otimismo e a fé de que vai rolar um salvamento quando se sente sozinho no meio do mar? Fé é uma coisa bem bacana e tal, mas dizer que eu acredito que esse momento bem merda vai passar hora ou outra... É uma certeza que eu não posso dar.

Duas pessoas me disseram duas frases que martelam minha cabeça a cada crise existencial. "Tudo vai passar" e, principalmente, "nunca somos, sempre estamos". A primeira eu vi em um corpo de uma alma que eu tenho uma admiração tremenda; já a segunda eu ouvi da boca de um monge - tem um texto por aqui sobre isso, aliás. São super reais, eu sei, mas não sei quanto tempo eu digo para mim mesma que tudo isso aqui vai virar história pra contar algum dia, e no fim, não vira.

Eu sei, não estou só. Essa solidão, essa sensação de impotência, essa mentira que minha mente cria que eu estou sozinha é apenas mais um mecanismo para continuar me mantendo sob rédeas curtas. Não consigo argumentar contra, mas, ao mesmo tempo, não consigo abraçar como verdade.

É estar só, mas com pessoas. Aquela velha história de se manter sozinha na multidão, mas não tem multidão. 

Não sinto que tenha pessoas. Não sinto que seja momentâneo. Não sinto que vai passar.

Não sinto mais fé.


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