quarta-feira, 18 de julho de 2018

Alguns hábito não mudam - mas eu continuo tentando

Lembro da primeira vez que decidi melhorar o dia de alguém.

Eu deveria ter uns 14 anos e uma garota descobriu que o namorado - belo namorado - tinha saído da cidade com a família. Os dias foram torturantes para ela e todo mundo percebia, mas ninguém fez nada. Eu entendo que todo mundo pode ter pensado que, com o tempo, a mina voltaria a ser ela mesma, mas essa coisa de esperar o tempo é foda quando você tá sozinha. Então eu coloquei na minha cabeça que eu faria a diferença, e eu fiz. Puxei assunto, fiz piadas, fui criativa e naquele dia eu percebi que eu salvei o dia de alguém. 


Não sei se alguém já fez isso mas, se não fez, faça. O problema é que eu quero salvar o dia de todo mundo agora. O problema é que eu quero mostrar para todo mundo as qualidades que metade do mundo não vê. O problema é querer que as pessoas vejam o quão foda elas são, mas não ter uma gota de compaixão com o rosto que eu olho no espelho todas as manhãs. O problema é que não dá para salvar todo mundo, não só pelo fato de que eu preciso me salvar também, mas pelo fato de que algumas pessoas não acreditam que mereçam ser salvas. 

Eu também me encaixo no último grupo, aliás.

Percebi um padrão nessas coisas também. Particularmente, eu nunca botei muita fé nessa história de padrão, seja qual for, mas esse é inegável: eu não falo sobre mim. Talvez por achar a minha vida sem graça, talvez por achar que não tenha muita coisa para contar, talvez por hábito. 

A real é que tem uma coisa aqui dentro dizendo que eu não posso, e nada me convence do contrário. Porque, né, imagina se eu deixo claro que eu sou uma pessoa super bagunçada, com uma história cheia de merda e ainda choro no final? Deus me dibre.

Essa minha ideia de querer salvar o mundo faz eu me sentir na batcaverna com um Robin sendo meu super-herói, dizendo que eu deveria fazer novos amigos. E ele não está errado. 

Essa coisa de ser uma pessoa adulta não é algo que me ensinaram a ser, e talvez eu esteja sendo errado, ou torto, ou altruísta de mais, ou um pé no saco. Sim, esse questionamento virou hábito também.

Uma parte minha não quer parar de tentar salvar os outros mundos particulares, mas eu quero muito conseguir salvar o meu também. Ou talvez me colocar no lugar de quem precisa ser salva de vez em quando, porque, coitado do Robin, ele tá ficando sobrecarregado.

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