quarta-feira, 22 de agosto de 2018

"Tenha paciência"

Tem gente que trás essa leveza gostosa disfarçada de assuntos aleatórios e sem sentido. É quase como uma boia salva vidas me lembrando que existem coisas pequenas que valem muito mais do que aquela preocupação de mentira  que a maioria das pessoas vomitam por aí.

E eu me sinto uma egoísta por admitir que eu quero mais, porém não sinto que posso. Não assim, não a partir de agora.

Porque é egoísmo eu querer disponibilidade e total passe livre só por fazer o mínimo do básico. Eu não mereço o chá de hortelã com bolo simplesmente por não pisar na bola, apesar de sentir que já pisei.

Eu não sei como as pessoas trataram a sua cozinha da última vez, eu não sei se elas te ajudaram a arrumar a louça ou se fugiram com seu bolo de cenoura. Não sei se falaram mal da sua gata, se reclamaram do latido da sua cachorra, se te excluíram por você não gostar daquele ator gato que todo mundo gosta. Eu não sei as marcas que deixaram em você, então eu não me sinto no direito de querer mais do que isso.

Eu não me sinto no direito de ter pressa, saudade, medo. Eu não posso querer conhecer o mundo do outro assim, sem calma, sem paciência. Eu não deveria apressar as coisas, mas eu não sei ir devagar. Não até então.

"Tenha paciência", ele disse.

Gosto quando cuidam das minhas cicatrizes com calma e leveza. Gosto quando a coisa flui, mesmo eu não sabendo direito o que isso significa. Gosto quando percebo que fui devagar, mesmo sendo impulsiva e ultrapassando a linha de vez em quando.

Não é sobre ter paciência comigo.

É sobre me permitir ir sem pressa, conhecendo aos poucos os gostos não tão peculiares, as idéias nem tão geniosas, os assuntos não tão importantes. Sobre ir descobrindo até onde é tudo bem e até onde não é.

Sobre tentar uma abordagem diferente e gostar. Sobre ser eu mesma aos poucos, ao pingos, e tudo bem.

Terei paciência.


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