domingo, 28 de outubro de 2018

O que vale mais?

Existe uma coisa que é quem sou e outra coisa que é a forma que a sociedade prefere que eu me comporte. Elas são bem distintas, diga-se de passagem, e eu passei a vida toda preocupada em quem ser ou quem me tornar para poder encaixar, mesmo que pouco, nesse molde social. Ou no molde de vidas que eu quero fazer parte, que basicamente significa não ser eu, mas ser qualquer pessoa.

Eu não sou qualquer pessoa. E nunca fui.

Cada gosto, cada escolha, cada letra diz, exatamente, aquilo que eu sou. Cada palavra e cada forma de ver qualquer coisa mostra o resultado de uma lapidação que tem durado anos, mas que eu não quero mais continuar. Uma superficialidade que não faz parte de mim, um medo que eu desconhecia, umas alegrias pequenas que são aquelas famosas migalhas de afeto. Eu mereço mais do que migalhas disfarçadas de afeto.

Eu não sei ser menos do que meu máximo. Eu não sei ser menos do que sincera e clara. Não sei não ser objetiva. E a única coisa que me incomoda não saber é não saber deixar as coisas acontecerem. Claramente eu posso aprender, já que isso influencia minha vida de forma negativa, mas é um fardo. Ficar esperando o "let it go" é torturante e não faz parte da minha lista de ingredientes.

Então o que vale mais? 

Ando sempre entre me sentir alguém incrível por fazer o básico e me sentir um grande lixo por não ver as coisas melhorando, mas eu continuo fazendo o básico. Aquele comentário em forma abraço, aquela vontade de tentar melhorar, aquele respeito pelo próximo. O mínimo do básico, e continuo me sentindo um belo lixo por esperar algum tipo de retorno, sendo que fazer o básico diz algo sobre mim, nunca sobre o outro. Sim, deveria ser o suficiente, mas não é.

Essa carência doida que eu não achei que fizesse parte de mim me faz ver o tamanho da expectativa que eu sempre crio em volta de qualquer coisa. Não consigo só ver como uma característica, já que essa "característica" faz eu me sentir totalmente sozinha na maior parte dos meus dias. Falta algo.

Talvez falte eu mesma. Um grande pedaço de mim mesma.



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