domingo, 27 de janeiro de 2019

Sobre ser intenso: meu corpo não nasceu para isso

Dores de cabeça, problemas no estômago, insônia. Fora aquela tensão persistente que segura meu pescoço e me faz lembrar de um músculo nas costas. As pessoas falam que as coisas que a gente não fala viram dores no corpo, e tudo indica que vira mesmo, mas sabe onde as pessoas respeitam o excesso? Nas músicas, nos filmes, no teatro. Na arte, todo excesso é visto com olhos abertos e as pessoas viram mágicas naquilo que faz. Na vida, nem tanto.

O excesso não é bem vindo na vida real, e meu ciclo pode comprovar isso. As pessoas que fingem se importar com as minhas dores são as mesmas que na primeira oportunidade escolhem jogar areia em cima da minha cova emocional. O mais absurdo é eu me sentir egoísta quando eu decido não querer mais fazer parte de vidas que desmerecem outras, sabe. Mesmo eu sabendo que me colocar em primeiro lugar não é egoísmo, as dores continuam e as náuseas também.

É sempre aquele peso do que vale e do que não vale. De quem vale passar pelo processo de retirar os filtros e sentir, de fato, que se importa e de quem não faz o menos esforço para tentar entender o que acontece aqui dentro. Não precisa ser um gênio para perceber quando as pessoas escolhem te ajudar e quando elas não fazem a menor questão de retirar aquelas ideias prontas e vendidas para conseguir entender seu monte de nós.

E tudo bem.

Na verdade, não exatamente.

Ultimamente eu tenho escolhido as borboletas no estômago, e admito que eu deveria ter escolhido isso antes. Talvez antes eu teria começado a viver melhor e não chegaria nesse ponto, mas antes as coisas eram diferentes, de uma forma negativa. Tem aquela coisa de se sentir pronta também. Antes eu poderia não estar. Antes eu não estava tão aberta, talvez. Antes eu não teria escolhido retirar os filtros e admitir que as borboletas no estômago deveriam ter chegado mais cedo.


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