Sobre tirar os filtros

      Ontem me peguei cantando O Último Romance. Não sei se você gosta ou não mas eu lembrei da sensação que eu senti depois que eu podia apostar que a gente seria mais do que uma fanfic ruim de um romance brega e gay, porque até quem me via na fila do pão sabia que eu tinha te encontrado. E antes de um mês eu já não sabia mais. Porque você podia me dizer o que era o sufoco que eu te mostraria alguem afim de te acompanhar, e que se o caso fosse de ir à praia, eu levaria a casa em uma sacola.

       Inacreditável como eu era uma idiota por não ter duvidado de tanto cliche, porque eu realmente pensei em trocar a minha TV para dar um jeito de te levar para qualquer lugar que você quisesse.

      Engraçado que mudar o tempo verbal da música a deixou ainda mais triste.

     Sonhei com você essa semana e é inacreditável como tudo parece pequeno e levemente insignificante quando você volta à minha luz. Eu me torno só alguem cansado e perdido que não tenta mais juntar os cacos, alguém que simplesmente deixa tudo vir à tona e resolve o que dá e o que precisa. Alguém que, literalmente, tenta te colocar numa caixinha para não chorar em horário comercial. E essa semana eu consegui, sabe, te colocar numa gaveta. Eu tomei um banho, lavei a roupa, me arrumei pro trabalho e fiz a mulher madura e adulta que resolve os próprios problemas.

      Ou seja, eu menti o dia inteiro. Porque eu pensei em você o dia inteiro.

      Eu não me cobro mais, sabe, de liberar isso que eu sinto para poder abrir espaço para coisas novas e historias que eu não li e tal, porque eu estou cansada de acreditar no amor para os outros. Acho que eu estou cansada de acreditar no amor como um todo, seja ele romântico ou não, seja ele sobre mim ou não. E te culpar é tão fácil, em tantos níveis, que mesmo eu ainda ouvindo as melhores da Marilia Mendonça, esse mérito eu não te dou. 

      Agora o mérito de ter me tornado alguém totalmente desconfiado e só esperando as coisas darem errado, meu amor, esse mérito é todinho seu.

      Eu nunca acreditei muito no amor mesmo. Hoje eu só minto menos.

      Sobre isso. Só sobre isso.

      *